85 anos:
Parabéns,
É mais que esperado
que neste sábado, 17, Sobral e região não esqueçam o transcurso do 85º
aniversário de nascimento do Monsenhor Francisco Sadoc de Araújo. Não apenas
lembrar o natalício, mas fazer algo que homenageie o ilustre aniversariante.
Isso nada mais é que um gesto de justiça e gratidão.
Apesar de este
respeitado sacerdote no momento estar enfrentando sérios problemas de saúde,
presume-se que hoje ele vá receber visitas e manifestações de familiares,
integrantes do clero, personalidades da cultura, da política e de outros
segmentos, além de fiéis católicos e admiradores do trabalho deste ilustre
sobralense. E nunca é muito conhecer melhor a vida e a obra do fundador da
Universidade Estadual Vale do Acaraú, além de figura central numa imensa lista
de serviços prestados em prol da fé e da educação em Sobral e região.
O
homenageado -
Sacerdote exemplar, educador, historiador, intelectual de vasta cultura,
músico, empreendedor e acima de tudo, homem humilde e simples, Francisco Sadoc
de Araújo nasceu em Sobral no dia 17 de dezembro de 1931, na então Rua Santo
Antônio, atualmente Rua Pe. Fialho, no local onde hoje reside o Sr. Luiz Melo
Torquato. Filho de Galdino Orlando de Araújo e Rita Albuquerque de Araújo,
Sadoc recebeu o sacramento do batismo a 14 de abril do ano seguinte, tendo como
padrinhos Albertino Chaves e Adalgisa Chaves.
Formação - Estudou as
primeiras letras em sua terra natal com as professoras Chiquita Jácome e
Chaguinha Lima, tendo concluído o curso primário no Educandário São José, da
Profª. Honorina Passos, em dezembro de 1942. Com o pai, que era músico,
aprendeu a tocar violão e outros instrumentos e a compor, razão pela qual
é autor de diversos hinos. A 8 de dezembro de 1943 ingressou no Seminário Menor
de Sobral, onde terminou o curso secundário a 8 de dezembro de 1949. Em
fevereiro do ano seguinte, matriculou-se no Seminário Maior de Fortaleza,
concluindo o curso de Teologia em fevereiro de 1952. Em maio daquele ano
recebeu a tonsura clerical das mãos de Dom José Tupinambá da Frota, na capela
episcopal de Sobral. Em setembro, partiu para a Itália, a fim de estudar na Pontifícia
Universidade Gregoriana de Roma, onde concluiu o bacharelado em Teologia em
junho de 1954 e o mestrado em junho de 1956, tendo publicado a tese “A ciência
criadora”.
Empreendeu inúmeras
viagens pelo território nacional e por diversos países, acumulando mais
conhecimentos à sua já sólida bagagem cultural, como participante ou
ministrante de cursos, seminários, congressos, conferências e palestras. Mesmo
sendo detentor de vastíssima cultura, conhecedor de vários idiomas, além de
profundo estudioso da Bíblia, o homenageado avalia que ainda há muito que
aprender.
Ordenação - Em 25 de
fevereiro de 1956, aos 24 anos, foi ordenado sacerdote em Roma, Itália, pelo
cardeal responsável por aquele templo. No dia seguinte rezou sua primeira missa
na Basílica de São João de Latrão, apadrinhado por seu colega norte-americano
Pe. David Warren. Já ordenado, Pe. Sadoc de Araújo teve como primeira
experiência sacerdotal trabalhos realizados no Kloster Nette, em Osnabruek,
cidade da Alemanha Ocidental, num convento de religiosas franciscanas, onde
permaneceu por dois meses. Participou, ainda, em 1956, de um curso de
atualização pastoral em Bruxelas.
Retorno - Em novembro
de 1956, Pe. Sadoc de Araújo retornou temporariamente a Sobral. A 8 de
fevereiro de 1957 foi nomeado professor do Seminário e Capelão do Colégio
Santana, cargos que exerceu até 1964, quando assumiu a reitoria do primeiro
destes estabelecimentos. Em 1967, deixou novamente sua terra, indo participar
de um curso de Psicologia Profunda na Faculdade Cristo Rei, que durou o ano
inteiro, em São Leopoldo (RS), dirigido pelos padres jesuítas.
Educação
- Retornando
definitivamente a Sobral em fevereiro de 1968, Pe. Sadoc de Araújo dedicou-se
integralmente à evangelização e à educação. Em 1968 fundou o Ginásio de
Aplicação (já extinto) e, com o apoio do então prefeito Jerônimo de Medeiros
Prado, a Fundação Universidade Vale do Acaraú, atualmente Universidade Estadual
Vale do Acaraú (UVA), marco maior na educação da região e a mais importante
alavanca para o progresso da cidade. Além de fundador desta instituição de
ensino superior, foi também presidente do seu Conselho Diretor (1968-1984) e,
após a encampação pelo governo do Estado (1984), permaneceu como reitor até
1989, dedicando-lhe mais de trinta anos de relevantes serviços. Como professor,
lecionou em diversos estabelecimentos de ensino de Sobral, tais como: UVA,
Ginásio de Aplicação, Colégio Santana, Colégio Sobralense, dentre outros. Além
da sua atuação na sala de aula, Mons. Sadoc é um dos mais requisitados
palestrantes do estado do Ceará. Seu talento é o responsável por inúmeros
convites para proferir palestras em vários outros estados brasileiros.
Cargos e
homenagens – Por
conta da sua operosidade em diversas áreas de atuação, o religioso sobralense
ocupou brilhantemente importantes cargos, pelo que foi merecedor de muitas
homenagens. Seu nome figura como membro de entidades culturais, tais como:
Diretor do Jornal Correio da Semana (1964/1966); Diretor da Rádio Tupinambá de
Sobral; Presidente da Comissão de Encargos Educacionais do Conselho de
Educacionais do Ceará (1968/1988); Presidente do Conselho Diretor da UVA;
Vice-Presidente do Conselho de Educação do Ceará (1977); Presidente da Câmara
do 2º Grau do Conselho de Educação do Ceará, com três mandatos de dois anos;
Presidente do Rotary Club de Sobral (1977/1978); Sócio da Academia Cearense de
Letras, Cadeira nº 15; Sócio da Academia Sobralense de Estudos e Letras; Membro
do Instituto Cultural do Vale Caririense de Juazeiro do Norte; Membro do
Instituto do Ceará; Membro do Instituto Genealógico Brasileiro; Diretor do
Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Olinda e Recife (1991);
Capelão do Arquipélago de Fernando de Noronha (1991) e outras mais.
Dentre as inúmeras
homenagens, figuram: Uma “Placa de Bronze”, na freguesia de Meixomil, Concelho
de Paços de Ferreira, em Portugal; Diploma de “Honra ao Mérito”, concedido pela
Câmara Junior do Brasil; Título de Cônego Honorário do Cabido da Basílica de
São Pedro em Roma, concedido pela Santa Sé em 1976; Medalha Justiniano Serpa,
do Governador do Estado do Ceará; Medalha do Educador, do Sindicato dos
professores Particulares do Ceará; Medalha do Mérito, do RC de Fortaleza -
Alagadiço; Professor Emérito da Faculdade de Filosofia Dom José de Sobral; Aposição
de seu busto no Campus da Betânia, por ter sido o fundador da Universidade
Estadual Vale do Acaraú (1998); Título de Monsenhor concedido pela Basílica de
São Pedro em Roma; Conselheiro Honorário do Conselho de Educação do Ceará
(2000); Título de “Doutor Honoris Causa”, concedido pela UVA, além de outras
condecorações.
No dia 25 de
fevereiro de 2006, às 19h, uma missa concelebrada sob a presidência de Dom
Antonio Fernando Saburido, bispo da Diocese de Sobral, Mons. Sadoc de Araújo
foi homenageado pelos 50 anos de sua ordenação sacerdotal. Foi saudado pelo Pe.
José Linhares Ponte, seu colega e primo. Na ocasião, o reitor José Teodoro
Soares fez a entrega da Medalha do Mérito Educacional da UVA ao Mons.
Sadoc de Araújo, fundador daquele estabelecimento de ensino superior.
Vale ressaltar que se trata da maior honraria da Universidade, excetuando-se o
Título de Doutor Honoris Causa, anteriormente concedido ao
religioso sobralense.
Historiador - Há poucos
anos Raimundo Girão, historiador e autor do Dicionário da Literatura Cearense,
disse: “Pe. Sadoc é atualmente é a mais saliente expressão da cultura da
região norte do Estado”. O sacerdote historiador sobralense já conta com
dezenas de livros publicados que comprovam sua preocupação com a compreensão e
preservação do passado, possibilitando aos leitores entenderem melhor o presente
para projetar melhor ainda o futuro. Vale ressaltar a ênfase que deu à obra de
Pe. José Antonio de Maria Ibiapina, do qual é Postulador da Causa de
Canonização (1ª parte), bem como à obra de Dom José Tupinambá da Frota, dentre
outros grandes vultos locais e mundiais. O zelo pela história sintetiza seu
respeito e devotamento àqueles que só praticaram o bem, como também convida
seus leitores a também conhecê-los e a imitá-los.
Evangelização - Ser
reconhecidamente grande como evangelizador, educador, historiador, empreendedor
e disseminador da paz e do bem não é suficiente para gerar em Mons. Sadoc de
Araújo sentimentos de grandeza, de busca de méritos e de autovalorização. Pelo
contrário, isso o tem tornado mais humilde, mais desapegado a honrarias terrenas,
além de mais consciente da sua responsabilidade na Terra e mais obcecado pela
obediência às regras que levam ao Céu.
Na evangelização,
sua obra é notadamente visível na intenção quotidiana de tornar homens,
mulheres e crianças mais cristãos através da divulgação da Palavra de Deus,
magnificamente transmitida através de suas homilias cativantes, aconselhamentos
ou nas suas mensagens que eram reproduzidas na Rádio Ressurreição AM 1460, por
ele fundada em 12 de outubro de 2002. Na sua ação evangelizadora também está
inserida a edificação de vários templos católicos, com a imprescindível
colaboração de colegas do sacerdócio e devotados fiéis, tendo como exemplo a
construção da Paróquia do Cristo Ressuscitado, Santuário da Mãe Rainha, Capela
de Santo Expedito, reformas em diversas capelas, além de projetos como o da
construção da Igreja da Bíblia, em andamento. Numa visão evangélica mais
abrangente idealizou e construiu, com recursos próprios, a exemplo de outras
obras suas, o Centro de Evangelização Pe. Ibiapina de Sobral (CEPI), anexo à
sua paróquia, inaugurado em 1995.
Como disseminador da paz e do bem, a presença amiga e de amor paternal do Mons. Sadoc de Araújo configura-se como o bastante para confortar, encorajar e estimular seus fiéis e admiradores a viverem mais santamente. Sua palavra sincera e confortante, quer no elogio, quer no aconselhamento, tem transmitido a certeza de que seu único desejo é que o ser humano transforme sua vida, se preciso, no intuito de viver melhor consigo mesmo e, consequentemente, com os irmãos.
A vida do Mons.
Francisco Sadoc de Araújo, bem como sua obra, principalmente o trabalho
pastoral em nome da fé e do bem, estão sintetizadas no seu próprio pensamento:
“Procurei sempre servir à Igreja Católica e à Universidade, as duas colunas
que no mundo sustentam a cultura e a verdade”.
Atualmente, Mons.
Sadoc de Araújo já não mais tem condições físicas de continuar realizando
aquilo de que mais gostava: trabalhar para o bem da humanidade e para o Reino
de Deus. Enfrentando problemas na visão e outros decorrentes da terrível Doença
de Alzheimer, o sacerdote já sente reflexo nos movimentos (caminhar) e vem
sendo acometido por lapsos de memória, alternando com alguns momentos de
lucidez, tornando-se-lhe difícil reconhecer as pessoas e conversar normalmente.
Fica até difícil
mencionar a quantidade de pessoas por ele homenageadas, bem como o número de
benefícios por ele trazidos para Sobral e região. Igual dificuldade também é
encontrada se o foco é o número de pessoas beneficiadas (centenas, hoje, em bom
emprego graças a esse notável reverendo). O tempo passou e as preocupações e
afazeres de cada um são muitos. Mas nada justifica que o benfeitor e suas ações
sejam esquecidos.
No caso do
Monsenhor Sadoc de Araújo, além de suas obras de pedra e cal ele nos deleitou,
confortou e enriqueceu com “dedinhos de prosa” fácil e contagiante, durante
maior parte da sua existência. Todos silenciavam para receber sua mensagem no
púlpito das igrejas ou nas salas de aula; ao ler seus livros e artigos nos
jornais; ao ouvir suas sábias palavras em encontros, solenidades, palestras,
nas emissoras de rádio ou no simples bate-papo do quotidiano. Quanto bem isso
nos fez!
Mas agora chegou a
nossa vez. Em decorrência de problemas de saúde, atualmente Mons. Sadoc
necessita, e por demais, de que levemos pessoalmente até ele nosso “dedinho de
prosa”, o que, no momento, pode traduzir-se apenas numa visita pessoal. Fazer
isso significa materializar nossa gratidão pelo muito que esse Padre-Mestre já
fez. Além disso, é uma demonstração de que desejamos unir forças com ele nesse
massacrante momento de provação. Tentar um “dedinho de prosa”, embora pareça
pouco, certamente não irá curá-lo. Mas pode, sim, transformar-se num estímulo
poderoso para que ele continue carregando dignamente sua cruz até o fim
da caminhada.
Artemísio da Costa e Mons. Sadoc de Araújo
Aproveitando o
ensejo, relembro aqui algo que se coaduna muito bem com o que Mons. Sadoc vive
atualmente. Em 1974, Nélson Cavaquinho (1911-1986) e Guilherme de Brito
(1922-2006) compuseram uma das joias da Música Popular Brasileira: “Quando
eu me chamar saudade”. Tornou-se um clássico na voz de dezenas de cantores
e cantoras. E essa música continua sendo porta-voz do apelo de quem deseja
veracidade nas homenagens que, porventura, venha a receber.
Infelizmente, ainda
há muita gente que não consegue captar essa mensagem de Nelson Cavaquinho e
Guilherme de Brito, que é exatamente o mesmo desejo de outras pessoas dignas de
homenagens. Sem essa compreensão, continua comprando e guardando ouro (pra fazer
um violão); apenas juntando flores e mais flores e até já treinando para
proferir um belíssimo discurso algum dia. De nada isso servirá para aquele a
quem essa gente deseja homenagear. E mais: a maioria das pessoas que se
diz grata àquele homenageado só aparece quando esse alguém vira saudade. É uma
lástima!
Para mim, quando
isso acontece os “pseudohomenageadores” estão inconscientemente demonstrando a
verdadeira intenção: homenagear a si mesmo, tentando apenas “aparecer”, “fazer
bonito” diante de todos. E cada um tentando aparecer mais que o outro com o
mais belo discurso, com a mais bela coroa ou com o mais belo buquê. Hipocrisia
clara e evidente.
Portanto, ensinemos
o refrão do samba e ajamos segundo ele: "SE ALGUÉM QUISER FAZER POR MIM
/ QUE FAÇA AGORA”. Depois, prece e nada mais.
Muito
obrigado, Mons. Sadoc! Nossos Parabéns!
Mons. Sadoc e seu colega e amigo Pe. José Linhares Ponte
***
Domingo na
Educadora (www.radioeducadora950.com.br)
Até amanhã, no
Programa Artemísio da Costa na Educadora AM 950. Notícias, reportagens,
curiosidades, entrevistas e a música de qualidade. Ligue e participe 3611-1550 //
3611-2496.
LEIA,
CRITIQUE, SUGIRA E DIVULGUE
Nenhum comentário:
Postar um comentário