Qual a melhor foto do seu Facebook? Como seria você no
sexo oposto? Como você estará daqui 20 anos? A quais shows você já foi na vida?
Esse tipo de teste, também chamado de "quiz" no Facebook, convida
muitas pessoas para oferecer informações por um pouco de descontração ou para
brincar com amigos na linha do tempo na rede social. Essas brincadeiras, porém,
escondem alguns riscos.
O principal deles é que, para participar, a maioria dos serviços exige que você
conceda acesso parcial da sua conta do Facebook para a empresa que realiza o
teste. Esse acesso não é feito pela sua senha e sim por meio de uma integração
do próprio serviço junto ao Facebook. Tudo ocorre com apenas um clique.
Mesmo depois que o quiz está finalizado, a empresa ainda mantém esse acesso
parcial ao seu perfil. Você precisa acessar a página de aplicativos do Facebook
(aqui) para verificar quem ainda pode estar com acesso à
sua conta.
Dependendo das suas configurações no Facebook, quem desenvolveu o quiz terá
acesso às informações básicas da sua conta, mas também podem ser cedidas
informações como o número do telefone, e-mail e páginas "curtidas".
No agregado, esse tipo de informação tem muita utilidade no que especialistas
chamam de "psicometria" -- estudos de psicologia que se baseiam em
dados de muitas pessoas para traçar tendências.
Isso ajuda empresas de marketing a estabelecer relações entre traços de
personalidade e fãs de uma determinada marca, artista -- ou seguidores de uma
comunidade do Facebook. A partir disso, são criadas campanhas de publicidade
direcionadas para vender produtos, ideias ou candidatos políticos. E não só
para quem participou desses testes.
A imprensa norte-americana alertou em 2017 que uma empresa britânica, a
Cambridge Analytica, usou dados coletados com esse tipo de quiz para auxiliar a
campanha eleitoral de Donald Trump e também a campanha do "Brexit",
que decidiu pela saída do país da União Europeia.
SAIBA MAIS
Empresas 'se escondem'
Embora os testes pareçam estar em português, não se engane: as empresas que
criam essas "brincadeiras" apenas traduzem o mesmo teste para
diversos idiomas e em geral não estão localizadas no Brasil. Aliás, a maioria
dos testes é bastante discreto em relação à empresa responsável pelo produto. O
foco é completar as perguntas e compartilhar com os amigos. Em muitos casos,
qualquer pessoa pode c
O blog Segurança Digital verificou
que duas empresas responsáveis pela criação desses testes utilizam serviços que
escondem o nome do responsável pelo registro do site. Com isso, o site não
fornece publicamente as informações normalmente exigidas para o registro de um
domínio, como um endereço de e-mail, endereço físico e número de telefone.
Essa é prática é mais ou menos o equivalente digital a ter uma conta bancária
em um paraíso fiscal em nome de outra pessoa. Embora existam usos legítimos
para esse tipo de serviço privativo, seu uso é mais voltado para pessoas
físicas que não querem se expor ao criar um site na internet.
'Pesquisas' na web
Na web, "pesquisas" são uma fonte de renda para sites duvidosos e
golpistas. Um pouco diferentes dos testes de Facebook, essas pesquisas também
pedem que um internauta responda algumas perguntas. Quando isso é parte de um
golpe, o site normalmente avisa que é preciso finalizar a pesquisa antes de
fazer um download ou ter acesso a algum conteúdo.
Essas pesquisas são pagas. Quando o internauta cai no "golpe" e
preenche os dados solicitados pela pesquisa, o golpista é imediatamente
remunerado por ter "indicado" o internauta para a pesquisa.
É por isso que golpistas criam páginas falsas ou com promessas impossíveis,
deixando para informar que o conteúdo é falso apenas depois da vítima já ter
preenchido a pesquisa. Ou seja, o conteúdo fica "refém" do
preenchimento da pesquisa, o que leva a vítima a fornecer os dados.
Mais recentemente, muitos desses golpes se transformaram em golpes de serviço
premium, onde você é obrigado a fornecer o número de celular. Os golpistas usam
essa informação para cadastrar o aparelho em serviços que são cobrados na conta
de telefone ou deduzidos dos créditos pré-pagos.
Alguns sites fingem que a pergunta do número de telefone faz parte de um teste.
Em um caso observado pelo blog Segurança Digital,
um site fez perguntas sobre os monstrinhos da franquia Pokémon. Depois de
responder quem foi o primeiro Pokémon de Ash e quantos tipos de Pokémon existe,
o site prosseguiu com: "qual seu número de celular e operadora?" (G1)
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